Cantinho reservado para postagem de trabalhos auxiliados pelo professor Edimirson de lingua portuguesa da E.E.A.F.D.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

         
Introdução
    O livro '' O Alienista''  é uma história que conta sobre um homem que tenta desvendar tudo que existe entre a razão e a loucura.  Um livro interessante e gostoso de ler. A história do alienista de passa na cidade de Itaguaí.O texto contém uma linguagem culta e formosa.
          Através da obsessão científica do Dr. Simão Bacamarte e de suas conseqüências para a vida de Itaguaí, Machado de Assis faz neste livro a crítica da importação indiscriminada de teorias deterministas e positivistas em nosso país.
      "O Alienista" vem mostrar como é difícil definir o que seja realmente loucura, bem como distinguí-la da lucidez.

 Este livro deixa claro que devemos rever nossos conceitos, diariamente, porque, em muitas das vezes em que fazemos um julgamento do comportamento de alguém, estamos propensos a erro. Tanto assim o é que, no final, o médico constatou que, de todos os habitantes do lugar, o único LOUCO era o alienista.



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 Indice 
Cap I-De como itaguai ganhou uma casa de orates-------------------------------------------------Pag1
   Cap II-Torrente de loucos-------------------------------------------------------------------------------------Pag2
   Cap III-Deus sabe o que faz-----------------------------------------------------------------------------------Pag3
   Cap IV-Uma teoria nova---------------------------------------------------------------------------------------Pag4
   Cap V-O terror-----------------------------------------------------------------------------------------------------Pag5
   Cap VI- A rebelião------------------------------------------------------------------------------------------------Pag6
   Cap VII-O inesperado-------------------------------------------------------------------------------------------Pag7
   Cap VIII-As angustias do boticario------------------------------------------------------------------------Pag8
   Cap IX-Dois lindos casos---------------------------------------------------------------------------------------Pag9
   Cap X-Restauração---------------------------------------------------------------------------------------------Pag10
   Cap XI-O assombro de Itaguaí----------------------------------------------------------------------------- Pag11
   Cap XII-O final do paragrafo 4----------------------------------------------------------------------------- Pag12
   Cap XII-Plus ultra---------------------------------------------------------------------------------------------- Pag13


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Capitulo I
De como Itaguaí ganhou uma casa de
orates


             As crônicas da Villa de Itaguaí dizem
que em tempos remotos vivera ali um certo médico, que se chamava Dr. Simão Bacamarte o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Aos 34 anos voltou ao Brasil aos 40 anos se casou com D. Evarista uma viúva de 25 anos que não era bonita e nem simpática , mas que ela possuía qualidades que para ele eram indispensáveis, pensava ele que ela o daria bons filhos. Mas D. Evaristao desapontou, e então Dr. Bacamarte decidiu aprofundar seus estudos tendo como objetivo a loucura. Simão Bacamarte pediu licença na câmara para construir uma casa de orates ou, seja uma casa para loucos que foi construída, e era conhecida como casa verde.


Capitulo II
Torrentes de loucos


               O objetivo de Dr. Bacamarte na construção da
casa verde era estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus,
descobrir em fim a causa do fenômeno e o remédio universal este era o mistério
de seu coração e acreditava que com isso prestaria um bom serviço a humanidade .
              E assim começou-se a encher a casa verde de pessoas que para Dr. Bacamarte eram loucos, ao cabo de quatro meses a casa verde
era uma povoação. E até o padre confessou que não imaginava a existência de
tantos loucos. Os loucos por amor eram três ou quatro mais só dois espantavam
um curioso delírio mas ali havia loucos de todos os jeitos também tinha pessoas
normais pois para o alienista qualquer comportamento era sinônimo de loucura, gestos, costumes, profissão.



Capitulo III
Deus sabe o que faz

               Com a obsessão do marido pela
casa verde D. Evarista passou a achar-se a mais desgraçada das mulheres e ficou
tão deprimida que passou a se achar viúva outra vez, mas o marido não se
importou deu-lhe uma viajem para o Rio de Janeiro, e ela aceitou alegremente
pois era um sonho e para que D. Evarista não fosse só o marido mandou com ela
sua tia e a mulher de seu amigo o Boticário Crispim.



Capitulo IV
Uma teoria nova

           Como D. Evarista havia ido ao Rio de Janeiro, o alienista resolveu
aprofundar mais seus estudos e resolveu ampliar a casa verde construindo mais
quatro quartos para colocar mais loucos, chamando então o Boticário contou-lhe
seu plano de ampliar a casa verde, e o boticário achou que era melhor a fazer
dizendo ao alienista “gracioso muito gracioso!“ exclamou levantando as mãos ao
céu.





Capitulo V

O Terror


               Quatro dias após a ampliação da casa
verde de Itaguaí ouviu a noticia que um certo costa havia sido recolhido a casa
verde, a população dizia
 -Impossível, por que o mesmo não merecia, era
um dos cidadão mais estimados de Itaguaí, ao longo de dias muita gente correu a
casa verde e achou o pobre costa tranqüilo, um pouco espantado, com muita
clareza, perguntou qual o motivo de ter sido levado para casa verde, alguns
foram até o alienista que dizia que aprovava esses sentimentos de compaixão,
mas acrescentava que a ciências era ciências e que não poderia deixar na rua um
louco, e uma pobre senhora prima do costa veio ao alienista o pedir que   libera-se costa, exclamando-lhe qualidades
o alienista por não pensar duas vezes prendeu a pobre senhora na casa verde,
revoltando a população ninguém queria crer que sem motivos, e nem nimisade o
alienista trancasse na casa verde uma senhora totalmente ajuizada. O alienista
resolveu mandar um legado a Portugal pedindo que lhe fosse mandado dois
ajudantes médicos, veio então de lá apenas um amigo dele que atendia pelo nome
de Matheus o mesmo foi recolhido a casa verde.
- A casa verde é um cárcere
privado, disse o médico e essa opinião se repetiu de leste a oeste de norte a
sul em Itaguaí. Na
semana em que o pobre Matheus havia sido recolhido a casa verde mais de vinte
pessoas também foi. O alienista dizia que só eram admitidos casos patológicos
mas poucos lhe davam credito. Nisso voltou do Rio de Janeiro D. Evarista que
era a esperança do povo de Itaguaí, após três dias de sua chegada D. Evarista
ouvia boatos que muitos estavam fugindo da cidade por medo de serem recolhidos
a casa verde. O terror crescia. A idéia de uma petição ao governo para que
Bacamarte fosse capturado e deportado daquela cidade andou por algumas cabeças.
Simão Bacamarte recolheu um homem que com ele trazia uma demanda.





Capitulo VI
A rebelião 


Cerca de trinta pessoas ligaram-se ao barbeiro, redigiram e levaram uma representação à Câmara.
A Câmara recusou aceitá-la, declarando que a Casa Verde era uma instituição pública, e que a ciência não podia ser emendada por votação administrativa, menos ainda por movimentos de rua.
—Voltai ao trabalho, concluiu o presidente, é o conselho que vos damos.
A irritação dos agitadores foi enorme. O barbeiro declarou que iam dali levantar a bandeira da rebelião e destruir a Casa Verde; que Itaguaí não podia continuar a servir de cadáver aos estudos e experiências de um déspota; que muitas pessoas estimáveis e algumas distintas, outras humildes mas dignas de apreço, jaziam nos cubículos da Casa Verde; que o despotismo científico do alienista complicava-se do espírito de ganância, visto que os loucos ou supostos tais não eram tratados de graça: as famílias e em falta delas a Câmara pagavam ao alienista...
Sebastião Freitas, o vereador dissidente, tinha o dom da palavra e falou ainda por algum tempo, com prudência mas com firmeza. Os colegas estavam atônitos; o presidente pediu-lhe que, ao menos, desse o exemplo da ordem e do respeito à lei, não aventasse as suas idéias na rua para não dar corpo e alma à rebelião, que era por ora um turbilhão de átomos dispersos. Esta figura corrigiu um pouco o efeito da outra: Sebastião Freitas prometeu suspender qualquer ação, reservando-se o direito de pedir pelos meios legais a redução da Casa Verde. E repetia consigo namorado:—Bastilha da razão humana!
Entretanto a arruaça crescia. Já não eram trinta mas trezentas pessoas que acompanhavam o barbeiro, cuja alcunha familiar deve ser mencionada, porque ela deu o nome à revolta; chamavam-lhe o Canjica—e o movimento ficou célebre com o nome de revolta dos Canjicas. A ação podia ser restrita—visto que muita gente, ou por medo, ou por hábitos de educação, não descia à rua; mas o sentimento era unânime, ou quase unânime, e os trezentos que caminhavam para a Casa Verde,—dada a diferença de Paris a Itaguaí,—podiam ser comparados aos que tomaram a Bastilha.D. Evarista, se não resistia facilmente às comoções de prazer, sabia entestar com os momentos de perigo. Não desmaiou; correu à sala interior onde o marido estudava. Quando ela ali entrou, precipitada, o ilustre médico escrutava um texto de Averróis;; os olhos dele, empanados pela cogitação, subiam do livro ao reto e baixavam do reto ao livro, cegos para a realidade exterior, videntes para os profundos trabalhos mentais. D. Evarista chamou pelo marido duas vezes, sem que ele lhe desse atenção; à terceira, ouviu e perguntou-lhe o que tinha, se estava doente., pensava ele, relembrando algumas palestras habituais do Padre Lopes; mas Catão não se atou a uma causa vencida, ele era a própria causa vencida, a causa da república; o seu ato, portanto, foi de egoísta, de um miserável egoísta; minha situação é outra.
 



Capitulo VII
O Inesperado

    
Chegados os dragões em frente aos Canjicas houve um instante de estupefação. Os Canjicas não queriam crer que a força pública fosse mandada contra eles; mas o barbeiro compreendeu tudo e esperou. Os dragões pararam, o capitão intimou à multidão que se dispersasse; mas, conquanto uma parte dela estivesse inclinada a isso, a outra parte apoiou fortemente o barbeiro, cuja resposta consistiu nestes termos alevantados:
—Não nos dispersaremos. Se quereis os nossos cadáveres, podeis tomá-los; mas só os cadáveres; não levareis a nossa honra, o nosso crédito, os nossos direitos, e com eles a salvação de Itaguaí.
Nada mais imprudente do que essa resposta do barbeiro; e nada mais natural. Era a vertigem das grandes crises. Talvez fosse também um excesso de confiança na abstenção das armas por parte dos dragões; confiança que o capitão dissipou logo, mandando carregar sobre os Canjicas. O momento foi indescritível. A multidão urrou furiosa; alguns, trepando às janelas das casas ou correndo pela rua fora, conseguiram escapar; mas a maioria ficou bufando de cólera, indignada, animada pela exortação do barbeiro. A derrota dos Canjicas estava iminente quando um terço dos dragões,—qualquer que fosse o motivo, as crônicas não o declaram,—passou subitamente para o lado da rebelião. Este inesperado reforço deu alma aos Canjicas, ao mesmo tempo que lançou o desanimo às fileiras da legalidade. Os soldados fiéis não tiveram coragem de atacar os seus próprios camaradas, e um a um foram passando para eles, de modo que, ao cabo de alguns minutos, o aspecto das coisas era totalmente outro. O capitão estava de um lado com alguma gente contra uma massa compacta que o ameaçava de morte. Não teve remédio, declarou-se vencido e entregou a espada ao barbeiro.
A revolução triunfante não perdeu um só minuto; recolheu os feridos às casas próximas e guiou para a Câmara Povo e tropa fraternizavam, davam vivas a el-rei, ao vice-rei, a Itaguaí, ao "ilustre Porfírio". Este ia na frente, empunhando tão destramente a espada, como se ela fosse apenas uma navalha um pouco mais comprida. A vitória cingia-lhe a fronte de um nimbo misterioso. A dignidade de governo começava a eurijar-lhe os quadris.
Os vereadores, às janelas, vendo a multidão e a tropa, cuidaram que a tropa capturara a multidão, e sem mais exame, entraram e votaram uma petição ao vice-rei para que mandasse dar um mês de soldo aos dragões, "cujo denodo salvou Itaguaí do abismo a que o tinha lançado uma cáfila de rebeldes . Esta frase foi proposta por Sebastião Freitas, o vereador dissidente cuja defesa dos Canjicas tanto escandalizara os colegas. Mas bem depressa a ilusão se desfez. Os vivas ao barbeiro, os morras aos vereadores e ao alienista vieram dar-lhes noticia da triste realidade. O presidente não desanimou:—Qualquer que seja a nossa sorte, disse ele, lembremo-nos que estamos ao serviço de Sua Majestade e do povo.—Sebastião insinuou que melhor se poderia servir à coroa e à vila saindo pelos fundos e indo conferenciar com o juiz de fora, mas toda a Câmara rejeitou esse alvitre.


Capitulo VIII
As angústias do boticário 

      
 
 Vinte e quatro horas depois dos sucessos narrados no capítulo anterior, o barbeiro saiu do palácio do governo,—foi a denominação dada à casa da Câmara,—com dois ajudantes-de-ordens, e dirigiu-se à residência de Simão Bacamarte. Não ignorava ele que era mais decoroso ao governo mandá-lo chamar; o receio, porém, de que o alienista não obedecesse, obrigou-o a parecer tolerante e moderado.
Não descrevo o terror do boticário ao ouvir dizer que o barbeiro ia à casa do alienista.—Vai prendê-lo, pensou ele. E redobraram-lhe as angústias. Com efeito, a tortura moral do boticário naqueles dias de revolução excede a toda a descrição possível. Nunca um homem se achou em mais apertado lance: —a privança do alienista chamava-o ao lado deste, a vitória do barbeiro atraía-o ao barbeiro. Já a simples noticia da sublevação tinha-lhe sacudido fortemente a alma, porque ele sabia a unanimidade do ódio ao alienista; mas a vitória final foi também o golpe final. A esposa, senhora máscula, amiga particular de D. Evarista, dizia que o lugar dele era ao lado de Simão Bacamarte; ao passo que o coração lhe bradava que não, que a causa do alienista estava perdida, e que ninguém, por ato próprio, se amarra a um cadáver. Fê-lo Catão , é verdade, sed victa Catoni
Insistindo, porém, a mulher, não achou Crispim Soares outra saída em tal crise senão adoecer; declarou-se doente e meteu-se na cama.
—Lá vai o Porfírio à casa do Dr. Bacamarte, disse-lhe a mulher no dia seguinte à cabeceira da cama; vai acompanhado de gente.
—Vai prendê-lo, pensou o boticário.
Uma idéia traz outra; o boticário imaginou que, uma vez preso o alienista, viriam também buscá-lo a ele na qualidade de cúmplice. Esta idéia foi 0 melhor dos vesicatórios. Crispim Soares ergueu-se, disse que estava bom, que ia sair; e, apesar de todos os esforços e protestos da consorte, vestiu-se e saiu. Os velhos cronistas são unânimes em dizer que a certeza de que o marido ia colocar-se nobremente ao lado do alienista consolou grandemente a esposa do boticário; e notam com muita perspicácia o imenso poder moral de uma ilusão; porquanto, o boticário caminhou resolutamente ao palácio do governo e não à casa do alienista. Ali chegando, mostrou-se admirado de não ver o barbeiro, a quem ia apresentar os seus protestos de adesão, não o tendo feito desde a véspera por enfermo. E tossia com algum custo. Os altos funcionários que lhe ouviam esta declaração, sabedores da intimidade do boticário com o alienista, compreenderam toda a importância da adesão nova e trataram a Crispim Soares com apurado carinho; afirmaram-lhe que o barbeiro não tardava; Sua Senhoria tinha ido à Casa Verde, a negócio importante, mas não tardava. Deram-lhe cadeira, refrescos, elogios; disseram-lhe que a causa do ilustre Porfírio era a de todos os patriotas; ao que o boticário ia repetindo que sim, que nunca pensara outra coisa, que isso mesmo mandaria declarar a Sua Majestade.


Capitulo IX

Dois lindos casos

                 Não demorou o alienista em receber o barbeiro
declarou que não tinha meios de resistir e por tanto teria de obedecer. Mas o
barbeiro não poderia destruir a casa verde pois era uma instituição pública
pois o governo não poderia destruir com razões cientificas portanto o barbeiro
propôs a ele que libertasse-os mais para que a população pudesse ficar
satisfeita e tranqüila, mas o alienista declarou que proposta não lhe parecia
boa mais que iria pensar e dentro de alguns dias o daria a resposta. 




Capitulo X
Restauração

                 E então dentro de cinco dias o
alienista recolheu a casa verde cerca de cinqüenta pessoas ao novo governo. A
população ficou revoltada, indignaram-se agora a população dizia que o barbeiro
Porfírio estava vendido ao ouro de Simão Bacamarte, duas horas depois o pobre
Porfírio perdeu o trono na prefeitura dando lugar a outro barbeiro João Pina
que por sua vez assumiu a dura tarefa do governo. Logo ao saber que boticário
seu amigo teve um momentâneo envolvimento com a rebelião dos canjicas, o
alienista mandou recolhe-lo a casa verde logo depois foi lançado o TERROR
começou a serem recolhidos a casa verde todos da câmara tudo que qualquer um
ali fizesse era loucura desde o ato de contar alguma mentira ao de brigar com
alguém fato que deu a casa verde uma multidão de inquilinos até a pobre D.
Evarista sua esposa foi recolhida a casa verde pelo simples fato de alegrar-se
com seus objetos que trouxe do Rio de Janeiro.





                                                                   
Capitulo XI
O Assombro de Itaguai
 E agora prepare-se o leitor para o mesmo assombro em que ficou a vila ao saber um dia que os loucos da Casa Verde iam todos ser postos na rua.
—Todos?
—Todos.
—É impossível; alguns sim, mas todos...
—Todos. Assim o disse ele no ofício que mandou hoje de manhã à Câmara
De fato o alienista oficiara à Câmara expondo: — 1': que verificara das estatísticas da vila e da Casa Verde que quatro quintos da população estavam aposentados naquele estabelecimento; 2° que esta deslocação de população levara-o a examinar os fundamentos da sua teoria das moléstias cerebrais, teoria que excluía da razão todos os casos em que o equilíbrio das faculdades não fosse perfeito e absoluto; 3° que, desse exame e do fato estatístico, resultara para ele a convicção de que a verdadeira doutrina não era aquela, mas a oposta, e portanto, que se devia admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades e como hipóteses patológicas todos os casos em que aquele equilíbrio fosse ininterrupto; 4D que à vista disso declarava à Câmara que ia dar liberdade aos reclusos da Casa Verde e agasalhar nela as pessoas que se achassem nas condições agora expostas; 5° que, tratando de descobrir a verdade científica, não se pouparia a esforços de toda a natureza, esperando da Câmara igual dedicação; 6º que restituía à Câmara e aos particulares a soma do estipêndio recebido para alojamento dos supostos loucos, descontada a parte efetivamente gasta com a alimentação, roupa, etc.; o que a Câmara mandaria verificar nos livros e arcas da Casa Verde.
O assombro de Itaguaí foi grande; não foi menor a alegria dos parentes e amigos dos reclusos. Jantares, danças, luminárias, músicas, tudo houve para celebrar tão fausto acontecimento. Não descrevo as festas por não interessarem ao nosso propósito; mas foram esplêndidas, tocantes e prolongadas.
E vão assim as coisas humanas! No meio do regozijo produzido pelo ofício de Simão Bacamarte, ninguém advertia na frase final uma frase cheia de experiências futuras.





Capitulo XII



                  E assim fez o alienista reconstruíram-se
as famílias, reinava a ordem cada um voltou ao seu posto, as queixas contra o
alienista se    findaram-se não houve
nenhum ressentimento dos atos que praticou, muitos entenderam que o alienista
merecia uma especial manifestação deram-lhe um baile. Mas o alienista lançou
uma nova teoria que só seriam recolhidos a casa verde apo se feito um preciso
exame longo e um vasto inquérito do passado e do presente, e logo a casa verde
começou a ser enchida de pessoas, como o padre de vila de Itaguaí a mulher do
boticário. Logo apareceu um adversário do alienista e foi a casa de Simão
bacamarte que mostrou-lhe a boa fé,o respeito humano,a generosidade,
apertou-lhe as mãos e recolheu seu adversário a casa verde. O alienista ia de
casa em casa escutando, interrogando, estudando,quando colhia um enfermo
levavam com grande alegria. Os loucos eram alojados pro classe.



Capitulo XIII
Plus ultra!



               Houve um doente poeta que
resistiu a tudo. Simão bacamarte começava a desesperar da cura quando teve
idéia de mandar correr matraca para o fim de anunciar como um rival de garça e
de Pindaro, foi um santo remédio dizia a mãe do poeta a uma comadre e havia
outro louco que não sabia escrever, o alienista lembrou-se para ele o lugar de
secretario para academiados encobertos estabelecida em Itaguaí. Os lugares de
presidente e secretários eram de nomeação rígida foi outro santo remédio no fim
de cinco meses a casa verde estava vazia todos curado, o alienista não se contentava
em ter descoberto a teoria da loucura. Não bastava ter estabelecido em Itaguaí
a ruína da razão! Plus ultra! Não ficou alegre, ficou preocupado, congitativo,
alguma coisa lhe dizia que havia uma teoria nova andava de um lado para outro
na biblioteca de sua casa perguntou a si mesmo mais diversas estariam eles
loucos foram curados por mim. O ilustre alienista teve duas sensações
contrarias uma de gozo e outra de abafamento.
                  Simão bacamarte achou em si o perfeito
equilíbrio mental e moral,pareceu-lhe que possuía a sagacidade, a paciência, a
perseverança a, tolerância, a veracidade, o vigor moral, a lealdade. Todas as
qualidades, enfim que podem formar um acabado mentecapto. Sendo homem prudente,
resolveu convocar um conselho de amigos, a quem interrogou com franqueza. A
opinião foi afirmativa. Simão bacamarte curvou a cabeça e recolheu-se a casa
verde. Fechou as portas entregou-lhe aos estudos e a cura de si mesmo. Dizem os
cronistas que ele morreu após 17 meses no mesmo estado em que entrou sem ter
podido alcançar nada.

                  

                                                             Biografia do autor


Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Os biógrafos notam que, interessado pela boémia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Em sua maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
Sua extensa obra constitui-se de 9 romances e peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Machado de Assis é considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó eMemorial de Aires, ortodoxamente conhecidas como pertencentes a sua segunda fase, em que nota-se traços de pessimismo e ironia, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as da Trilogia Realista. Sua primeira fase literária é constituída de obras comoRessurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde nota-se características herdadas do Romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica moderna.
Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras doséculo XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público. Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac,Lima Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e outros. Em seu tempo de vida, alcançou relativa fama e prestígio pelo Brasil, contudo não desfrutou de popularidade exterior na época. Hoje em dia, por sua inovação e audácia em temas precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos críticos, estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é considerado um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões

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